A primeira redução da meta de inflação em 14 anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 4,5% aa para 4,25% em 2019 e 4,00% em 2020 é um passo importante para equipe econômica, em vista tanto à inflação atual, claramente em queda tanto intra, quanto extra-núcleo, porém, põe em voga os principais paradigmas tradicionais da economia brasileira, principalmente no que cerne à questão fiscal.
É nítido o impacto do ajuste recessivo e com o auxílio da safra recorde impactando alimentos, a conjunção benigna de inflação permite pela primeira vez, desde a adoção das metas de inflação, um ciclo de cortes de juros consistentes, sem o pull back inflacionário conforme ocorrido na gestão anterior do Banco Central, quando os juros atingiram 7,25% aa. Todavia, o questão fiscal e a indexação são elementos ainda constantes, os quais criam uma força inercial de quase um terço das medidas de preços e acabam por gerar um efeito multiplicador em momentos de atividade econômica aquecida.
Como a questão da indexação não retornou à mesa das equipes econômicas, não ao menos no curto prazo, cresce a necessidade de controle fiscal.
No relatório de inflação de março de 2011, o box “Multiplicador Fiscal, Produto e Inflação” cita “(…)Primeiro, a economia brasileira é relativamente fechada, o que tende a arrefecer os “vazamentos” externos. Segundo, a propensão média a poupar é relativamente baixa. Por fim, parte relevante dos estímulos fiscais no Brasil refere-se a gastos correntes, bem como transferências para grupos com baixa taxa de poupança/alta propensão a consumir(…)”.
Referindo-se ao estudo, o então diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton explicou ao Valor Econômico “Pelo fato de o Brasil ter uma economia fechada, com baixa propensão à poupança e com políticas públicas de transferências de renda focadas em grupos com alta propensão ao consumo, as medidas de contração fiscal têm peso ainda maior do que em outros países no combate à inflação”.
Deste modo, a continuidade do ciclo de cortes de juros por parte do COPOM tem respaldo inflacionário em 2017, consegue se manter em 2018, porém gera riscos de novos repiques inflacionários em 2019 e 2020. Ao reduzir a meta de inflação para o biênio, o Conselho Monetário Nacional manda um recado claro e direto à classe política sobre a necessidade urgente das reformas de âmbito fiscal, sem as quais não será possível o uso do único instrumento de estímulo econômico no curto prazo, o corte de juros.
A importância de juros mais civilizados no Brasil vai muito além do simples estímulo ao consumo. As enormes taxas nominais e reais brasileiras são contraproducentes em diversos níveis, pois dão uma opção injusta de investimento em comparação à economia real, ou seja, aqueles que optam pelo empreendedorismo embutem nos preços retornos que devam necessariamente superar os ganhos reais e nominais de um investimento em renda fixa.
Deste modo, os juros altos tem um impacto ainda maior no consumo, pois além de limitarem o dispêndio em bens de maior valor agregado e dependentes de crédito, faz com que o valor geral dos bens produzidos no Brasil em vista à média salarial sejam superiores ao observado em economias centrais e emergentes, tornando o Brasil um país extremamente caro para os brasileiros.
Jason Vieira
Economista-Chefe – Infinity Asset
Jason.vieira@infinityasset.com.br
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