Quem acompanha o mercado financeiro já está acostumado ao famoso dia do Payroll, o relatório de estatísticas correntes de emprego do governo americano, e as fortes reações dos investidores aos seus resultados.
Porém, muita gente se pergunta: o que é exatamente o Payroll e por que ele é tão importante?
Primeiramente, Payroll vem da palavra em inglês que significa “folha de pagamento”. Assim como este é um dos componentes do chamado CES – Current Employment Statistics Report, o relatório de estatísticas correntes de emprego.
Este relatório inclui a variação no número de pessoas em folha de pagamentos de empresas não-agrícolas, separando também pelas folhas de pagamento privadas, em manufaturas e do governo. Também inclui o ganho por hora trabalhada na base mensal e em 12 meses, a média de horas semanais trabalhadas e, por fim, um dos dados mais importantes: o desemprego, o qual vou mencionar mais à frente.
O relatório é bastante completo e inclui ainda dados não tão acompanhados por analistas como a participação na força de trabalho, estatísticas de sub-emprego e revisões bimestrais.
No Brasil, o Current Employment Statistics Report seria o equivalente à união de alguns relatórios divulgados pelo governo, entre eles a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios), conhecido como desemprego, e o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o qual mede a criação de vagas com carteira assinada.
Existe ainda mais um relatório de emprego nos EUA, este exclusivo do setor privado, conhecido como ADP Employment. Divulgado pela ADP (Automatic Data Processing), a maior empresa de processamento de dados de folhas de pagamento dos EUA.
Como mostrei acima, o Payroll acaba sendo praticamente um importante indicador da saúde da economia americana. Ele pode afetar uma série grande de ativos, desde as empresas listadas em bolsa, passando pelos títulos do tesouro americano e até desembocando no dólar.
Analistas, traders, fundos, investidores e especuladores tentam ao máximo melhor projetar o número, de forma a tentar antecipar o movimento que ele vai causar.
Sendo assim, praticamente todo o mercado para de modo a aguardar seus resultados e o mais rapidamente possível interpretá-los.
A importância dele é grande também no atual momento. Afinal, os investidores tentam antecipar os próximos movimentos do Fed (Federal Reserve), o Banco Central Americano. Essa antecipação vem muito da preocupação dos investidores da retirada de estímulos de liquidez abundante que o Fed tem provido ao mercado por mais de uma década. Sendo assim, chegamos ao ponto que deixei em aberto agora a pouco: o desemprego.
No Brasil, o Banco Central tem como meta a inflação. Portanto, tudo que o BC faz é no sentido de trazer a inflação à meta determinada nos encontros do Conselho Monetário Nacional.
Nos EUA, eles têm o que se chama de “Duplo Mandato”, ou seja, além do controle (ou mesmo aceleração) da inflação, o Fed tem obrigação em ajudar a atingir a meta de Pleno Emprego.
Para atingir tais objetivos, o Fed pode estimular mais ou menos a economia, através de juros e de instrumentos de liquidez como citei a pouco.
Assim, a discussão do momento no mercado é da possibilidade de sustentar o atual ritmo positivo dos ativos, sem a generosa ajuda dos Bancos Centrais.
Então, já entendemos que o mercado está sempre atento para o Payroll, mas quando é a sua divulgação? Um dos momentos mais importantes do calendário econômico dos Estados Unidos, a divulgação é feita mensalmente na primeira sexta-feira do mês – na segunda sexta-feira em casos esporádicos -, às 8h30 no horário de Washington D.C., equivalente às 9h30 no horário de Brasília.
Eis outro desafio, este agora focado no momento exato da leitura dos dados.
Para os investidores, sempre que o Fed eleva os juros, ele atrai uma quantidade gigantesca de recursos globais aos títulos do tesouro americano, limitando o acesso aos recursos com maior prêmio de risco, como as bolsas de valores e mercados emergentes.
Além de elevação de juros causar teoricamente uma valorização cambial, a atração por títulos do tesouro americano se traduz como maior demanda por dólares, elevando seu valor globalmente. Por isso ele afeta tantos mercados e ativos ao mesmo tempo.
Neste momento, existe uma virada interessante nesta leitura. O Fed insiste que a economia americana ainda demanda estímulos contínuos e que os juros devem permanecer baixos.
Porém, tal premissa tem sido desafiada exatamente por números mais positivos em termos de atividade econômica. Além disso, a inflação nos EUA, assim como no mundo, tem dado sinal de que o excesso de estímulos pode ser prejudicial.
Daí que os investidores muitas vezes “entram em parafuso” com a leitura do Payroll. Afinal, ao mesmo tempo em que um número acima das expectativas significa que a economia americana está reagindo positivamente à política do Fed e isso pode trazer reflexos importantes em ativos da economia real, pode também significar o início do fim dos estímulos aos quais os mercados se tornaram tão acostumados por anos.
No ano passado, durante os momentos mais graves (e sem vacina) da pandemia, um Payroll forte era celebrado aos sete ventos. Agora, nem todos estão tão entusiasmados quando os dados de emprego superam em muito as expectativas.
Por isso, além de ficar de olho na inflação americana, fiquem de olho também no desemprego, pois ambos regem a política do Fed, o futuro dos juros e dos estímulos americanos.
Em suma, é isso aí pessoal. Se tiverem mais dúvidas sobre estes eventos marcantes do mercado financeiro, mandem para nós nas nossas redes sociais que responderemos.
Alguns infinitos são maiores do que outros.
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